
A partir daí não parou mais. Peru, EUA, Caribe, Havaí, Taiti, África, Europa, Ásia, Oceania... Apesar de não ter ido bem em seu ano de estréia entre as Tops, terminando em 15º lugar na ASP e perdendo sua vaga na elite, foi eleita uma das 3 mais belas na lista das Hot 100 da revista Surfer. Patrocinada pela marca americana Roxy, é a 1ª atleta brasileira convidada a posar p/ a Swimsuit Issue da Sports Illustrated, maior revista esportiva que existe.

Competindo nas etapas de abertura do mundial na Austrália, ela avisou à revista Época e ao site iG Jovem que ainda não viu o filme. “Uma amiga tinha o livro e eu comecei a ler, mas não acabei. Se me disserem que o filme é bom, eu vou querer assistir.” C/ vocês, um ménage à trois c/ a verdadeira Bruna surfista: duas entrevistas em um só blog. Depois de tanto tempo falando de feiura – Bethânia, MinC, Kadafi, Tsunami, Los Hermanos – já estava na hora de mostrar alguma coisa bonita. Viva La Bruna!

BRUNA SCHMITZ - Não fazia idéia de que revista era essa, nunca achei que seria algo tão grande. Quando comecei a perguntar e pesquisar, fiquei até com medo, pensei: ‘Por que eu? Onde me encontraram?’, essas coisas... Fui até o Canadá sozinha e estava muito nervosa, não sabia como iria ser. Foi uma experiência incrível fazer parte dessa edição. A revista é super profissional, e você pode mostrar o que é. Não pedem para você fazer nada, simplesmente ser você mesma.
ÉP - Como eles chegaram até você?
BS - Eles entraram em contato com a Roxy, depois de terem me achado no Google.

BS - Meu irmão já surfava, e eu não entendia muito do esporte, não sabia como era, até que um dia ele decidiu inscrever minha irmã, minhas amigas e eu pra fazer aulas de surf. Assim que comecei já amei o esporte, me identifiquei e levei adiante.
ÉP - Você está conversando comigo da Austrália. Quanto tempo fica no Brasil e quanto tempo passa viajando?
BS - Estou aqui para o começo da temporada, as competições sempre começam na Austrália, então venho e fico normalmente 2 meses. É difícil passar muito tempo em casa, a agenda de competições é super corrida, às vezes volto para passar 2 dias em casa, mas no máximo 10 a 15 dias.
ÉP - Com essa vida corrida, consegue namorar?
BS - Sim, viajo com meu namorado Jeremy, ele também compete, então nos vemos bastante.

BS - Sim, meu quartinho ainda fica lá, adoro minha família. Meus irmãos já não moram mais com a gente, então quando volto pra casa minha mãe me mima bastante.
ÉP - Qual é a preparação e a rotina de uma surfista profissional?
BS - Não é tão complicada. O mais importante é sempre surfar, não importa as condições, quanto mais surfar, mais evolui. É preciso cuidar da alimentação, sempre hidratar o corpo e repor as energias. O mar suga isso tudo.
ÉP - Atualmente está em que lugar no ranking?
BS - 25º. Para ficar na elite, tenho que ficar entre as 10. Neste ano vou brigar pra entrar novamente.
ÉP - Ainda não existe uma cultura forte de mulheres surfistas no Brasil, como vê isso?
BS - É, não é muito comum, mas já somos muitas e esse número cresce a cada dia. Acho que daqui a alguns anos já vai ser bem popular.

BS - No começo minha mãe ia até a escola, conversava com os professores e todos sempre me apoiavam. Isso quando as viagens eram mais no Brasil. Depois começou a complicar para conciliar. As etapas internacionais apareceram e eu achei que não ia conseguir. No fim deu tudo certo. Mas faz uns anos que não passo natal em casa por conta da temporada havaiana; aniversários das pessoas, perdi um monte. Mas conquistei amigos no surf e, mesmo não sendo a família, já ajuda.
IGJ - E nessas viagens, como foi adaptar alimentação e idioma?
BS - Inglês eu sempre fiz desde pequena. O problema é que, quando viajei para o Havaí, eu vi que não era nada daquilo. As pessoas não te entendem. No começo passei muito perrengue. Sentia vergonha para conversar. Aos poucos fui melhorando. Quando entrei no tour, eu tinha que me comunicar. Quem me deu uma força foi meu namorado. Ele é francês, mas fala português e inglês. Me encorajou a arriscar mais. Para comer foi mais fácil. Nunca fui de comer besteira. Sinto falta é da comida da mamãe [risos].

BS - Ela pega ondas gigantes. Tem que ter um preparo especial. Eu procuro alimentos que me dêem energia. Meu preparo está na alimentação e, claro, no surf. O mar por si só já dá o condicionamento, porque passamos horas surfando.
IGJ - Na busca pela onda perfeita, viveu alguma história bizarra?
BS - Uma recente foi ano passado, em Sunset, no Havaí. Lá você tem que preparar as maiores pranchas para a competição. O mar é forte. Numa bateria, uma menina hesitou para pegar a onda e eu acabei entrando errado na série e fui arremessada. Quebrei a prancha no meio. Parei no meio da espuma, tomando água na cabeça sem parar e, pelas regras do campeonato, eu estaria eliminada se o jet ski me socorresse – e eu não queria ser eliminada. Para buscar outra prancha foi um apuro [risos].
IGJ - Dos lugares que conheceu, quais os mais marcantes?
BS - Bali, na Indonésia. A Austrália, que tem vários lugares legais... O próprio Brasil tem praias lindas... O pôr-do-sol roxo e laranja de Sunset... Mas um lugar que tem altas ondas e é muito bonito é a Nova Caledônia, onde meu namorado tem casa. Uma ilha na Oceania. É maravilhoso. Você vê corais coloridos na maioria das praias. É incrível.

BS - Não. Meu namorado é super tranqüilo. A gente curte ficar em casa, nos entendemos bem. Ele também tem trabalhos iguais, então levamos isso numa boa. Claro, gosto de me cuidar, ter atenção com o cabelo e com a pele. Passo boa parte do meu tempo no mar. Exige um cuidado.
IGJ - Como você analisa sua trajetória? Dá para dizer que você já chegou lá?
BS - Não planejei nada. Cheguei por acaso e simplesmente gostei. Ainda não dá pra dizer que sou bem-sucedida. Ganhar pra isso é ótimo, mas não pretendo ser surfista profissional o resto da vida. Quero fazer uma faculdade, talvez moda.
IGJ - E a relação com a internet e com a música?
BS - Curto. Amo meu blackberry. Nele toca de tudo. Mas quem eu tenho escutado bastante ultimamente é a Beyoncé. A voz dela é demais. Internet eu encaro mais como uma facilidade, para falar com a minha família e não encarecer a conta do telefone, né? Gosto do Twitter também. O meu é @schmitzbruninha.
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