Nascido Rocco Tano em Abruzos,
Itália, a mãe do astro pornô inicialmente queria que ele fosse padre. Mas o
coroinha tinha "o diabo no meio das pernas", como ele se refere ao próprio
pênis, e uma carreira no entretenimento adulto se tornou mais ou menos
inevitável quando ele começou a procurar por isso. Ele já transou com quatro
gerações do pornô, estrelando longas de 35mm com roteiro e enredos, e atuando
durante as eras do VHS, DVD e internet em produções XXX. Ainda assim, parece
que agora Siffredi cansou da putaria. Recentemente ele anunciou sua
aposentadoria, algo que já disse várias vezes no passado. Mas, como pai de dois
filhos, ainda é um mistério se sua lendária piroca vai mesmo ficar longe dos
holofotes.
Esses fatos biográficos, no
entanto, não interessavam aos cineastas franceses Thierry Demaiziere e Alban
Teurlai. Seu extraordinário documentário Rocco, que
estreou recentemente no Festival de Cinema de Veneza, é um retrato que tenta
desvendar o que se passa na mente do ator pornô. É um olhar introspectivo sobre
Siffredi, que se abre sobre a morte do irmão, sua reação sexual à morte da mãe,
seu relacionamento com a esposa e os dois filhos, e, claro, porque ele gosta
tanto de realizar atos carnais diante das câmeras. Mas o filme lida
principalmente com a culpa católica do ator. Tipo um Boogie Nights
dirigido por Martin Scorsese.
O filme começa do único jeito
possível: com um close do pênis de Siffredi. E a narrativa segue enquanto ele
escolhe as atrizes para um filme que está dirigindo, entrevistando cada uma
para saber se elas estão preparadas para os extremos sexuais que ele deseja
mostrar, desde closes de anal a jogos envolvendo asfixia erótica. Depois os
cineastas seguem Rocco até Budapeste, onde sua esposa, Rozsa Tano, mora, e
depois em viagens para a Itália e Los Angeles. No filme, os diretores oferecem
um vislumbre geral da indústria pornô, detalhando, por exemplo, os extremos que
alguns artistas estão dispostos a ir para ter sucesso.
VICE: Por que fazer esse
documentário agora?
Rocco Siffred: Já tinham me abordado algumas vezes para fazer um documentário, o primeiro foi um diretor polonês quando eu tinha 40 anos. Naquela idade, eu não achava que tinha muito a dizer, mesmo estando na indústria há 20 anos. Depois vieram cineastas italianos, mas achei que os italianos não entenderiam a sexualidade sem preconceitos. Aí vieram os franceses [os diretores Thierry Demaiziere e Alba Teurlai]. Você pode dizer que nasci na França, pelo menos artisticamente, porque foi lá que me tornei ator pornô.Me encontrei com os diretores e eles disseram que queriam fazer um filme sobre o pornô mas precisavam de um protagonista, e eles achavam que eu podia ser essa pessoa. Depois de algumas horas de conversa, eles mudaram de ideia e disseram que queriam focar a história em mim. E acho que atingi um ponto da vida onde tudo se tornou mais problemático, então eu queria fazer esse filme como um jeito de despejar tudo que está dentro de mim.
Você fala sobre as mortes da
sua mãe e do seu irmão no documentário. Foi difícil abordar esse assunto?
Rocco Siffred: Já tinham me abordado algumas vezes para fazer um documentário, o primeiro foi um diretor polonês quando eu tinha 40 anos. Naquela idade, eu não achava que tinha muito a dizer, mesmo estando na indústria há 20 anos. Depois vieram cineastas italianos, mas achei que os italianos não entenderiam a sexualidade sem preconceitos. Aí vieram os franceses [os diretores Thierry Demaiziere e Alba Teurlai]. Você pode dizer que nasci na França, pelo menos artisticamente, porque foi lá que me tornei ator pornô.Me encontrei com os diretores e eles disseram que queriam fazer um filme sobre o pornô mas precisavam de um protagonista, e eles achavam que eu podia ser essa pessoa. Depois de algumas horas de conversa, eles mudaram de ideia e disseram que queriam focar a história em mim. E acho que atingi um ponto da vida onde tudo se tornou mais problemático, então eu queria fazer esse filme como um jeito de despejar tudo que está dentro de mim.
Sabe, passei por muito
sofrimento na minha vida. Quando você tem seis anos, perde seu irmão e vê sua
mãe enlouquecer por causa da dor, é impossível continuar normal. É impossível
esquecer essa dor. Do nada, você só quer fazer algo que torne a vida um pouco
menos difícil. Por causa dessas tragédias, eu estava pronto para fazer qualquer
coisa.
Mas por que pornô? Eu já era sexualmente ativo
aos 11 anos, e lembro que todos os outros garotos tinham zero experiência com
sexo, então eu sabia que havia algo especial. Mas isso não foi o principal. O
principal é que eu estava sempre tentado dar algo a minha mãe que a ajudasse
com a dor que ela estava passando por causa da morte do meu irmão. Também lembro de achar uma
revista quando eu tinha 13 com fotos de um cara chamado Supersex, que era um
ator pornô famoso nos anos 70. Haviam fotos dele transando com uma morena, aí
você virava a página e tinha fotos dele transando com uma loira, você virava a página
e ele estava transando com uma ruiva, aí você virava a página e ele estava
transando com as três. Eu vi aquilo e disse que queria entrar para aquele
negócio. Liguei pro meu irmão mais velho, que morava em Paris, e contei isso
para ele. Ele disse: "você é louco". Aos 16, liguei de novo e ele disse "você
não desistiu? Você é completamente louco!" Aí liguei de novo aos 20 e ele me
disse que se fosse até um clube de swing, eu encontraria alguém do pornô para
me ajudar nisso. E funcionou. As pessoas me viram transando na frente de todo
mundo e daquele dia em diante, minha vida mudou. Era o paraíso.
Por que você chama seu pênis
de "o diabo no meio das minhas pernas"? Porque o diabo possui seu
corpo. Não é você que o possui. Por muitos anos, usei o sexo para minha
conveniência. Quando o sexo começa a te usar, isso significa que você está
viciado, e isso é o diabo. É a mesma coisa com drogas e álcool — tudo isso é o
diabo. Quando ele está te usando, faz você fazer tudo que ele quer. Ele te faz
fazer coisas que você realmente não gosta.
Essa não é a primeira vez que
você fala em se aposentar. O que aconteceu aos 40, quando você disse que só
trabalharia atrás das câmeras como diretor? Tentei me aposentar pelos meus
filhos. Eu queria parar de atuar diante das câmeras na época em que eles eram
adolescentes e estavam prontos para começar suas vidas sexuais. Tentei fazer
coisas do outro lado das câmeras para não prejudicá-los. Por outro lado, isso
foi um erro. Primeiro, prejudiquei a mim mesmo parando. Segundo, comecei a
procurar prostitutas duas ou três vezes por dia. Três vezes por dia:
prostitutas, prostitutas, prostitutas... porque eu estava acostumado a fazer
muito sexo.
Isso afetou seu casamento? Claro, mas estou com uma
mulher muito inteligente que entende minha situação. Ela me disse que eu
precisava voltar a atuar. Se é disso que você sente falta, e está transando com
prostitutas para substituir [a atuação], então qual o objetivo de se aposentar?
Foi estranho para você pagar
por sexo em vez de ser pago para transar? Sim, e às vezes acontecia uma
coisa engraçada. As [trabalhadoras sexuais] viam meu pau e diziam "uau, que
enorme, por que você não vira ator pornô?" Sério, isso aconteceu várias vezes.
E eu respondia "é, vou pensar nisso".
Como é estar sempre falando
sobre o tamanho do seu pau? "Quantos centímetros tem o seu
pau?" é uma pergunta que respondo com frequência, então estou acostumado. Sei
que meu trabalho é o meu pênis. Sei que quando trabalho, são duas pessoas
trabalhando: eu e o meu pau. Nós dois somos famosos. Na minha cabeça, isso
sempre esteve claro. Não estou desapontado. Não me sinto um objeto. Trabalho
com meu pau e nunca tive problemas com isso. Nunca.
Como você acha que o pornô
mudou durante sua carreira? Passei por quatro gerações
diferentes, e há uma grande diferença entre a época em que comecei e hoje.
Antes você tinha duas cenas por semana, muitos diálogos, filmávamos em 35mm,
etc. Levava mais tempo para mudar a posição da câmera, as luzes e tudo mais,
então o sexo era curto. Havia muito diálogo, muita comédia e muita estrutura.
Hoje é apenas sexo, muito sexo e zero diálogo. Não tem mais romance. São apenas
tomadas diferentes do corpo feminino: tomadas dos peitos, tomadas apenas dos
pés, tomadas do anal. Ultimamente, a maioria das garotas faz tripla penetração
anal, e às vezes você nem toca nela; são só três paus enfiados juntos. Isso é
completamente diferente do que costumava ser o pornô.
E isso é melhor ou pior? É muito pior. Eu, alguém que transa com uma mulher com o coração, preciso de conexão, preciso usar minhas mãos, preciso do cheio, preciso do poder. Preciso usar tudo isso. Hoje, eles não têm tempo para nada disso. Eles não dão a mínima. Eles só precisam dos corpos. Corpos, corpos, corpos. Gente nova. Paus novos. Não gosto de sexo sem conexão. Não temos mais dinheiro para fazer [narrativas longas] como antigamente. A indústria mudou porque a internet fodeu tudo. Ninguém tem dinheiro para fazer grandes filmes com enredo. Gosto da internet porque isso ainda dá a pessoas que não tem dinheiro, que vivem em países onde as garotas são invisíveis, a oportunidade de sonhar em ver uma garota bonita fazendo coisas incríveis. Por outro lado, infelizmente, isso destruiu completamente a indústria. Tem sexo grátis por todo lado, então por que pagar?
E isso é melhor ou pior? É muito pior. Eu, alguém que transa com uma mulher com o coração, preciso de conexão, preciso usar minhas mãos, preciso do cheio, preciso do poder. Preciso usar tudo isso. Hoje, eles não têm tempo para nada disso. Eles não dão a mínima. Eles só precisam dos corpos. Corpos, corpos, corpos. Gente nova. Paus novos. Não gosto de sexo sem conexão. Não temos mais dinheiro para fazer [narrativas longas] como antigamente. A indústria mudou porque a internet fodeu tudo. Ninguém tem dinheiro para fazer grandes filmes com enredo. Gosto da internet porque isso ainda dá a pessoas que não tem dinheiro, que vivem em países onde as garotas são invisíveis, a oportunidade de sonhar em ver uma garota bonita fazendo coisas incríveis. Por outro lado, infelizmente, isso destruiu completamente a indústria. Tem sexo grátis por todo lado, então por que pagar?
Você conseguiu fazer Kelly
Stafford sair da aposentadoria para seu último filme. Por que isso era
importante? Kelly é a maior atriz pornô
para mim. Ela é A atriz pornô. De certa maneira, ela é como seu eu fosse
mulher.
Ela é mais poderosa que você
por ser é mulher? Cem por cento. Sem dúvida. Ela
é muito poderosa. Sinto atração por pessoas que são especiais. Pessoas
especiais sempre me atraíram. Quando alguém diz "essa pessoa é louca", quer
dizer que ela deve ser inacreditável. Não gosto de gente normal. Eles sempre me
entediam.
Você acha que algum dia vai realmente se aposentar?
Foi o que eu disse depois desse filme, nunca mais vou responder essa pergunta. Quer dizer, nunca vou dizer que vou me aposentar ou que vou voltar. No momento estou fora, mas não posso dizer que não vou voltar.
Você acha que algum dia vai realmente se aposentar?
Foi o que eu disse depois desse filme, nunca mais vou responder essa pergunta. Quer dizer, nunca vou dizer que vou me aposentar ou que vou voltar. No momento estou fora, mas não posso dizer que não vou voltar.
Para mais informações sobre o
filme Rocco, visite o site do projeto.
por Kaleem Aftab - no Twitter.
VICE
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vcs podem fazer sobre a vida de milena santos?
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